vai mais longe, mais fundo ...

Estou na idade em que se morre depressa

Quero cantar com os anjos dos céus...

A mesma canção que aprendi enquanto vivi.

Docemente entoada sob vagas iluminações

Sob estrelas em varandas poéticas

Vestida com a mesma roupa da noite...

Estou na idade em que não se rompem pactos

Tenho os olhos cheios de flores e de pássaros

A boca de preces e a testa de beijos...

Piso o mundo com leveza e sabedoria

Escolho as palavras com enlevo para dizer

A seta cravada no peito e o diamante na mão

Estou na idade em que nunca se perde a razão

Amo viajar na proa da estrela mais brilhante

Com tantos ontens e amanhãs espero pelo hoje

Morro assim de contraste nas pontas dos pés

Nesses degraus de musgo que o crepúsculo inventa

Em noites musicais sob luas arredondadas...

Estou na idade em que jamais se condena

Passo como um breve suspiro estremecido

Sou uma sombra de melancolia e graça

Olho com paciência as varandas floridas

O eco do sonho que o ar exala a todo instante

Porque vejo passar a flor esquecida da ausência

Estou na idade em que tudo já aconteceu

Ouço com pesar numa balança dourada

A voz triste e amada da minha consciência

Onde reside meu sonho cativo de desventura

Em rostos de papel e amores de cinza

Reconheço meu mundo de mil idiomas e idades...

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