Palma Moreira

Julgo poder quebrar a barreira da imensidao da morte cercando-me apenas de nada, estendendo-me na solidao do silêncio da tua voz.
Queria poder partilhar a morte com a morte, encher o meu coraçao vazio de amor, esvaziar a cabeça e os olhos do sangue jorrado, apagar tudo o que nao houvesse sido pedido... Mas o sono apega-se aos sonhos da morte e a morte nao se vai embora. Repousa suavemente no braço estendido, substituindo a fadiga, deslumbrando os demais.
No fim, a terra cobriu-te e pesou os que te olharam, incrédulos à tua partida, insistentes na tua pessoa, nada simples e singular. E havemos de ter filhos, e havemos de ter netos, e as árvores vao crescer e os anos vao passar. Havemos de ser gente e havemos de ter penas sobre os ombros. E havemos de reiventar o fogo, mas porque as estradas se cruzam sempre, havemos de nos lembrar e havemos de prosseguir. 
Eu nao vou parar, eu nao vou esquecer. Vou viver reiventando o gelo das tuas maos naquele dia para o quebrar ocm o quente do teu sorriso... Um dia...

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