Deve ter acontecido... Só pode, porque sinto uma coisa estranha dentro de mim. Uma vontade louca de falar, de saber, de ouvir, de escutar. Um nó no peito... Porque será que isto me acontece, quando devia seguir em frente?
Dei por mim a olhar para um conjunto de fotografias. Fotografias que sei que têm um significado tão especial. Falámos delas algumas vezes... Vi o carinho com que orgulhosamente as mostravas e lá no fundo, bem lá no fundo (sim, porque salvo uma excepção, nunca falaste à vontade sobre isso...), vi sempre a tua dor. A saudade...
Mas quem sou eu para falar nisto? Sem ter certezas, sem ter noção que falo verdade ou se é pura e simplesmente uma suposição minha? Baseio-me só na minha ansiedade e fico por aqui, ou torno a insistir?
Se aconteceu, porque não me chamaste? Porque não me contaste, porque não confiaste um pouco da dor em mim que tantas vezes partilhei a minha contigo?
Não sou perfeita... Aliás, sou dos seres que conheço um dos mais imperfeitos, mas sei sem qualquer dúvida que ajudo como ninguém, que atravesso tempestades por algumas pessoas e vou contra convicções se ajudar alguém que me é querido...
Se uma desculpa não chega, não serve, já não vale de nada, podia ser que um abraço valesse. Um de verdade! Daqueles abraços-beijo que sabem bem e nos dão o consolo de mil gestos, que matam saudades e nos dizem estarmos num porto seguro...
Não sei contar o tamanho da minha pena, da minha ansiedade, da minha dor e da minha raiva por não poder fazer nada, mas sei dizer que estou aqui... Depois de tudo ainda estou aqui, porque há coisas que nunca mudam e sentimentos que jamais são abalados pela distância e pelo tampo.
Cá estou eu, de peito feito, e de vergonha na cara na cara é certo... Mas de coração nas mãos, com a expressão tão conhecida dos teus olhos dizendo todas as palavras tontas que me ocorrem sempre que as lágrimas me correm. Sentindo-me a mais pequenina das criaturas, porque se aconteceu, jamais me perdoarei por não ter estado contigo.

Um beijo