Hoje é dia do Ferroviário.

Lembrei-me do meu avô... Nunca lhe conheci a profissão "dos comboios", como eu dizia em pequenina, mas ouvi centenas de vezes histórias dos seus tempos de maquinista.
Lembro-me de ter por ele uma paixão incrível. Lembro-me da forma com que tratava de tudo no campo. Da terra. Lembro-me das mãos dele... Grandes e fortes. Gretadas pelo trabalho, mas suaves à mesma. Tinha uma voz rouca que ainda hoje eu oiço nos meus sonhos, quando ele me vem visitar. Visita-me sempre que estou mal. Sempre que fico mais em baixo... Parece que sabe! Como? Será o meu sub-consciente? Será realmente imaginação, ou poderei eu deixar-me levar pelo entusiasmo das suas visitas e abraça-lo como se fosse ao vivo e a cores?
Tenho saudades dos meus tempos de infância, em que lhe pedia para andar atrás dele mesmo que fosse calada. Só para olhar para ele.
Tenho saudades do meu avô Amadeu... O meu avô "Galego"... O avô que fazia a barba para não me picar a carinha pequena.
Tenho saudades tuas... Do teu abraço e de te ouvir a falar para os animais. De me mostrares tudo o que era pequeno, como eu! Os coelhinhos, os "piu pius", os memés e da paciência que tinhas para me arranjares cachorrinhos porque eu não os podia ter em casa.
Tenho saudades tuas, somente saudades tuas...