# Poetinha em movimento

Voltei voltei, voltei de la...

Lisboa - Cancun
Cancun - Havana
Havana - Varadero

Era para ter escrito por terras estrangeiras, mas não consegui nunca fazer o login no meu cantinho, daí não ter partilhado as novidades.
Esqueci-me da máquina fotográfica. Um erro que não vou perdoar a mim própria para o resto da vida! Menos mal pensei... Em época de me obrigar a pensar no que deixei em Portugal, consegui juntar (sem querer) o útil ao agradável, pelo que a falta da máquina até me ajudou. Andei de olhos mais abertos, obrigando-me a fotografar mentalmente todos os lugares e momentos que provavelmente teria eternizado com a objectiva.

A viagem para Cancun foi serena, mas as horas dentro do avião pareciam não mais acabar. Senti-me presa, obrigada a ir embora quando menos queria. Fui acompanhada da tristeza, da dor física e de um sorriso escasso na boca que não vendi, não fui capaz. ofereci-o a quem mais simpático foi, mas a muito custo. Eu sei que prometi escrever "mais alegre", mas a atitude para com as pessoas que cá ficaram foi horrível. O coração ia tão pesado, e a cabeça não parava, sendo que a mais na bagagem, ia a tal tristeza, a dor física e a certeza de que iria ter tempo de sobra para pensar em toda a minha vida. Escreveria muito, era a ideia! Pensaria no passado, no meu presente e delinearia estratégias para o futuro.
E assim foi... Senti tudo na pele, além do Sol e da água fantástica. Ri, chorei, bebi, dormi e mais do que tudo,..., lembrei. Que me perdoem todas as pessoas da minha vida, mas lembrei com tanta saudade que achei que rebentava. Momentos houve que achei que merecia todos os kms entre a minha lua e a lua de Portugal. Momentos houve em que a água fria sob um céu estrelado se misturou com as lágrimas que teimosamente caiam... E deitei tudo cá para fora! Deitei o medo, a saudade, a incerteza, a fragilidade, os milhentos pedidos de ajuda, a esperança, a indecisão e tudo mais. Expus tudo à pessoa que eu sou e admiti que tudo aquilo existe dentro de mim, que sou tudo aquilo que ali estava, que me rodeava. Todas as coisas boas e más.
Propus a mim própria as tomadas de decisão e a incerteza de as conseguir tomar. Dei-me conta de querer apagar muita coisa e de querer criar outras tantas. Decidi querer procurar pessoas e matar outras dentro de mim. Decidi, que mesmo que leve com a porta na cara, vou tentar fugir e continuar pela tal janela que se diz que Deus abre quando fecha uma porta... Serei todas as ondas do mar, continuarei a ser o que sou, mas em fase de construção!

Li num blog amigo que se impõem regras... Passo a explicar que também a mim as imponho. Terá de ser, senão afundo-me!

Fui para o ar para tocar nas nuvens e voar para longe de tudo o que me lembra que a vida existe, que é real e que está aqui. Afinal, não consigo passar a vida a fugir... Não quero mais, não vou aguentar! E arrependo-me a cada segundo das vezes que fugi. Como me arrependo!

Mas existem sinais, e os sinais acompanham-nos sempre... Tal como o que estava escrito no chão, "it´s all about you". Ou o rapaz mexicano que me contou a sua história... Fez-me sentir tão pequenina! Dei-me conta, que atravessar o deserto em busca do american dream e comer do mesmo naco de carne esburacado pelos abutres não se comparava a qualquer uma das minhas histórias. Por outro lado, ler numa casa feita de zinco "Che, tu exemplo vive, jamas nos rendiremos", deu-me tanta vontade de viver... "Aqui se cobra la verdad"! Sim... Passarei a cobrar-me a verdade e jamais me voltarei a esconder num mundo que não o real. Fi-lo uma vez, não o farei mais!

Levarei sempre as palavras de Sophia...

"Quando a pátria que temos
não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades"

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