19 de Março do ano 2009

Amanhã é dia 19, seja lá o que isso significa, amanhã é dia 19, mas hoje é o sétimo dia depois do que aconteceu. Não escrevi ainda sobre isso, mas a seu tempo sairá cá para fora o medo de ter passado mesmo que um pouco ao longe, e de visita, pela sala onde se olham os mortos e se choram as culpas com os porquês na boca.
Vim porque tinha de cumprir. Porque a culpa de um dos dias era também pesada para mim e tinha de me afastar. Vim, porque é a minha vida que está em jogo e não a posso perder perto dos trinta que o meu corpo tem mas a mente já ultrapassou.
No fundo, trouxe tudo comigo, como sempre, porque é ao longe que sinto mais. É ao longe que me lembro com a claridade da noite das minhas memórias e analiso. Leio-as e analiso. Revejo e memorizo ainda mais, para ficar com mais marcas do que passou e para poder crescer mais certa daquilo que sou e do que vivi. Para ser e não me reinventar sem base nas saudades e nas mudanças que sei querer viver.
Relembro e revejo. Analiso, volto a analisar e não chego por vezes a conclusão nenhuma, que o que há mais em mim são pensamentos por acabar. Acabo a perguntar-me se é real o que disto ou daquilo me lembro. Forço-me a pegar numa fotografia do sótão das minhas memórias e tento revivê-la. Fazer isto duas ou três vezes, sentir e analisar... Revivo e relembro e volto a analisar... Se não consigo, procuro uma música e deixo-me levar para a sala de baile que há em mim e danço com as sensações e quase que volto a vivê-las. Assim, é impossível esquecer e só assim mantenho tudo em mim, como se fosse ontem que tivesse sido o último momento, o último sorriso e o último olhar...

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